quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Maria Preá - Avesso (2007)


Maria Preá - Avesso (2007)

1. Carcará
2. Tambor de Mina
3. Ponto pro Caboclo Sete Flechas
4. Vidente
5. Ponteira
6. Vida de Lampião
7. Circo dos Horrores
8. Juriti
9. Caxangá
10. Guenta Touro 


Direção e Produção Musical
André Magalhães
Músicos
Laeticia, voz e percussão / Rovilson, guitarra e cavaquinho / 
Michelle Abu, percussão / André Bedurê, baixo / Gustavo Souza, bateria / 
Filpo Ribeiro, violão, viola e rabeca.


Release 

Laeticia Madsen é Maria Preá, expressão popular escolhida pela intérprete como personagem-símbolo de sua arte. Radicada há três anos em São Paulo, lança agora seu primeiro CD: Avesso. Com dez faixas, sua maior intenção é revelar compositores novos. “Como intérprete, minha intenção é revelar boas composições, muitas delas, desconhecidas do grande público”, completa a artista. Junto com ela na produção do CD, está o músico e produtor André Magalhães.
O trabalho é surpreendente, com arranjos inusitados. Mesmo as únicas duas canções mais conhecidas do público, Carcará, de João do Vale e José Cândido, e Caxangá, de Milton Nascimento e Fernando Brant, recebem roupagem diferenciada. Aí, certamente, entra também sua formação em teatro e dança, que traz elementos quase visuais para a sua música.
E é assim, pleno de surpresa, que o ouvinte recebe a primeira faixa do CD. Carcará, de João do Vale e José Cândido, tem arranjo forte, com riffs de guitarra, muita percussão e a voz imponente de Maria Preá. Na zabumba, uma batida funk que pode remeter até mesmo à programação eletrônica, embora seja tudo tocado pelos próprios músicos. Enfim, uma transformação radical e contemporânea desse grande clássico. A faixa, conta com a participação especial do violonista e guitarrista Webster Santos.
Na seqüência, duas músicas que afirmam a intenção da intérprete de mostrar também os cantos populares do Brasil. Doutrinas do Tambor de Mina acentua a expressividade da interpretação de Maria Preá, numa estrutura musical baseada apenas em voz e percussão. Já a terceira faixa, Ponto pro Caboclo Sete Flechas, apresenta uma profusão alucinante de ritmos. Quatro percussionistas sustentam a evolução musical de Rovilson Pascoal, na guitarra e Filpo Ribeiro, no violão, músicos que acompanham Maria Preá em outras faixas e nos shows.
Já com Vidente, de Erasmo Dibel, um reggae modernizado, aparece a intenção da intérprete de revelar canções e compositores menos conhecidos do grande público. Faixa suave e delicada, foi uma das primeiras músicas escolhidas pela cantora para o CD. Na seqüência vem Ponteira, de Sérgio Habibe, outro autor maranhense, assim como Dibel. Aqui também Laeticia mostra seu lado mais doce, numa canção brejeira, mas sofisticada. O CD segue com A Volta de Lampião, de César Teixeira, canção inédita. Os efeitos rítmicos evocam uma intensidade sonora que cria um clima muito adequado para a história que está sendo contada. Segundo Preá, simboliza a valentia do povo brasileiro.
A sétima canção é Circo dos Horrores, de Josias Sobrinho, que começa com a excelente guitarra de Rodrigo Bragança e a onipresença bem-vinda do também produtor André Magalhães, nessa e em várias outras faixas. 
Novamente a canção tem uma levada quase teatral. O clima onírico, de fantasia, de magia, sempre deixa a cantora muito à vontade em sua interpretação. É visível: ela conta histórias, além de entoar canções. Juriti, a próxima música, é dos autores brasilienses Paulo Tovar e Aldo Justo. Mais uma faixa de ares épicos, mas com caminhos surpreendentes.
A penúltima música é Caxangá, de Milton Nascimento e Fernando Brant, uma escolha feliz da intérprete. Com bastante personalidade, ela recria esse grande sucesso dos autores mineiros. O som forte do atabaque constrói um ambiente de confronto, como a música pede, criando um clima perfeito para Preá contar mais essa história. E, para não perder a idéia do avesso, que permeia todo o CD, ele termina justamente com uma “chegança”. Guenta Touro, de Tácito Borralho, tem força poética e interpretativa dentro de um andamento envolvente. As participações especiais ficam por conta de Thomas Roher, na rabeca, Peixinho, na percussão e Marcelo Jeneci, nos teclados.


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